Este artigo examina as trajetórias divergentes da Argentina e do Brasil no que diz respeito à capacidade tributária e à capacidade de promover reformas no sistema tributário. O autor procura explicar não só por que a carga tributária no Brasil é significativamente mais alta do que a da Argentina, mas também por que o Brasil teve mais capacidade de reformar o sistema tributário no período posterior ao regime autoritário. Defende, ademais, o argumento de que os fatores que explicam grande parte das diferenças observadas são, de um lado, a instabilidade institucional e, de outro, o arranjo federativo presente em cada um dos países. A instabilidade institucional é fortemente condicionada pelas instituições federativas (e também pela polarização de preferência entre os atores) e é determinante para o entendimento do trade offs com que se defrontam os governos no sentido de privilegiar determinado instrumento de extração de recursos da sociedade.
This article examines the divergent paths of Argentina and Brazil in terms of the capacity to tax and the capacity to enact tax reforms. The article seeks to explain why the tax share is much higher in Brazil and why this country was also better equipped to implement reforms in the post authoritarian period. The author reviews rival explanations and concludes that the factors that explain a great deal of the divergence under investigation are political instability and the federalist institutional arrangements. Instability is closely associated with federalism (and also by some preference polarization by both) and plays a crucial role in understanding tradeoffs faced by governments in order to privilege a certain instrument of resources collection from society.
Cet article examine les trajectoires divergentes de l'Argentine et du Brésil en termes de capacité fiscale et de capacité de promouvoir les réformes du système fiscal. L'article tente d'expliquer la raison pour laquelle la charge fiscale au Brésil est nettement plus élevée qu'en Argentine et pourquoi le Brésil a été, par rapport à l'Argentine, davantage capable de réformer son système fiscal à la période qui a suivi la dictature militaire. L'article examine les différentes possibilités d'explication et défend l'argument selon lequel les facteurs qui expliquent une grande partie des différences observées sont, d'un côté, l'instabilité institutionnelle et, de l'autre, l'arrangement fédératif présent dans chacun des pays. L'instabilité institutionnelle est fortement conditionnée par les institutions fédératives (mais, aussi, par la polarisation, de préférence, entre les acteurs) et est cruciale dans pour le trade offs auquel font face les gouvernements lors du choix des instruments d'obtention de ressources auprès de la société.